II Seminário Internacional de Igualdade Racial debate racismo estruturante na sociedade brasileira
28/08/2019 13:23h
O II Seminário Internacional de Igualdade Racial, promovido pela Comissão Especial da Igualdade Racial da OAB/RS (CEIR), teve continuidade durante a última terça-feira (27).
A parte da manhã contou com painéis sobre as práticas políticas e relações internacionais em prol da igualdade racial, além de políticas institucionais para a promoção da equidade.
Na parte da tarde, os debates se concentraram nos povos tradicionais de matriz africana e indígena. No primeiro painel, especialistas debateram o racismo estruturante presente na sociedade brasileira e a importância de se resgatar a identidade dos negros.
“O racismo começa com a separação da identidade de um povo. A África tem muitas tradições e muitos povos diferentes, entre os maiores grupos que podemos citar, estão os Bantu, Jeje e Yorubá. Os negros do Brasil têm relação direta com esses povos, saber de onde viemos é fundamental para quebrar com o ciclo estrutural do racismo”, destacou o ex-diretor de Relações Institucionais da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial do Distrito Federal, Daniel Garcia.
A professora Maria Cristina Cereser Pezzella abordou conflitos judiciais, envolvendo territórios quilombolas. “A forma como a comunidade quilombola trata a terra é muito diferente da maneira como os brancos a utilizam. Para o quilombola, o território é sagrado e dele deve-se cuidar e se preservar, para que as futuras gerações também possam viver e usufruir daquele ambiente. Para os quilombolas, o direito é luta incansável e constante”, afirmou Maria Cristina.
O professor da rede municipal de São Paulo, Fernando Almeida, falou sobre o trabalho desenvolvido com as crianças, em especial as negras, sobre sua identidade e valorização da cultura: “a construção de que o negro é feio e ruim e o branco é o herói é muito forte na nossa sociedade, e isso é inevitavelmente transmitido para as nossas crianças. Precisamos valorizar a criança negra e dizer a ela que é bonita, que seu cabelo é bonito, trabalhar sua autoestima e a busca por sua identidade, trazendo para sala de aula a cultura africana”, destacou Almeida.
A última palestrante do painel foi a também professora Marta Regina dos Santos Nunes, que falou sobre o afroempreendedorismo e o protagonismo das mulheres negras: “As mulheres negras são o maior grupo populacional no Brasil (27%) e enfrentam, tanto o machismo, quanto o racismo em seu dia a dia. Temos que enfrentar situações adversas desde sempre, e isso se apresenta também no empreendedorismo. O diferencial do afroempreendedorismo é a ideia de coletividade e associativismo, para que a comunidade cresça junto e se empodere”, destacou Marta.
Encerrando o evento, o último painel tratou sobre os povos originários e a realidade no Brasil atual. A coordenadora do Grupo de Trabalho de Sociedade Civil e Políticas Públicas da CEIR, Izabel Calixto, lançou, junto com a presidente da comissão, Karla Meura, o Projeto Povo – Política de Ordem Valorizando as Origens. A iniciativa busca agregar os indígenas à Ordem gaúcha: “Todas as populações vítimas de racismo devem ter atenção especial da comissão, dessa maneira, buscamos integrar os indígenas, tanto indo ao seu encontro, quanto trazendo-os para dentro da OAB/RS”, afirmou Izabel.
Palestraram ainda a advogada Susana Kaingang (Susana Andréa Inácio Belfort) sobre o povo kaingang; o coordenador do Conselho Indigenista Missionário na Região Sul, Roberto Liebgott, sobre os direitos constitucionais dos povos indígenas; e o Cacique Cirilo (José Cirilo Morinico), sobre a vida Guarani.
Texto e fotos: Evelyn Berndt e João Vítor Pereira
Assessoria de Comunicação da OAB/RS
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28/08/2019 13:23h